Soa estranho, né? Como o veículo sai de fábrica com uma tecnologia que ainda não pode ser usada? Na verdade, o que a Tesla começou a disponibilizar é o hardware necessário para a autonomia do carro. O software em si ainda não está pronto para assumir o controle do automóvel. Por ora, o sistema pode apenas coletar informações que ajudarão a “lapidar” o modo autônomo. Basicamente, esse hardware é composto por um conjunto de oito câmeras que capturam imagens de todo o entorno do automóvel (com alcance de até 250 metros), 12 sensores ultrassônicos para detectar objetos, um radar frontal que pode notar veículos à frente mesmo em condições de forte chuva ou neblina, além de um chip Nvidia Titan X para controlar tudo (embora nada impeça que outros chips possam ser incluídos no kit nas próximas atualizações). Segundo Musk, esse pacote de especificações, chamado simplesmente de Hardware 2, é até 40 vezes mais potente que o conjunto anterior (o Hardware 1), que viabiliza o uso do Autopilot, o sistema de condução semiautônoma que a Tesla disponibiliza atualmente. Com o Hardware 2, a companhia espera que os seus carros possam atingir o nível 5 de autonomia, a classificação máxima. Isso significa que o veículo poderá ser totalmente autônomo, ainda que, por questões de segurança e respeito às leis, uma pessoa tenha que estar presente no posto de motorista para atuar como supervisor. Tal como já dito, todos os modelos comercializados pela Tesla daqui para frente receberão o hardware necessário para o nível 5, incluindo os atuais Model S e Model X. Só restará então aguardar que o software fique pronto para a condução autônoma finalmente estar disponível, certo? Mais ou menos. A Tesla está disponibilizando o hardware “gratuitamente”, mas a ativação do sistema envolve o bolso.
Donos do Model X e do Model S poderão ativar apenas o Enhanced Autopilot, uma versão melhorada do atual Autopilot que atua como um serviço de assistência ao motorista. O sistema poderá, por exemplo, ajustar a velocidade do carro de acordo com o tráfego na pista. Essa opção custará US$ 5 mil no ato da compra do veículo ou, para quem ativá-la mais tarde, US$ 6 mil. O Enhanced Autopilot usará quatro das oito câmeras disponíveis. As outras quatro câmeras serão ativadas se a opção Full Self Driving Capability for adquirida. Esse sim é um sistema de condução autônoma e que, portanto, não requer um motorista. O pacote sairá por US$ 3 mil se adquirido no ato da compra do carro ou US$ 4 mil se ativado depois.
Aqueles que quiserem ativar os dois sistemas pagarão US$ 8 mil ou, se esperarem um pouco mais, US$ 10 mil. As atualizações serão liberadas gradativamente. O Enhanced Autopilot, por exemplo, deverá ser disponibilizado até o final do ano. Como, além das questões tecnológicas, o sistema completo dependerá da aprovação de entidades regulatórias para funcionar, a Tesla não fala em prazos precisos. Mas a expectativa da empresa é a de que o nível 5 da tecnologia de direção autônoma seja alcançado até 2018. Vale ressaltar que o Model 3 também contará com esses recursos, mas a produção do veículo está prevista apenas para o final de 2017.