Basicamente, a companhia montou uma pequena equipe de engenheiros para trabalhar ativamente no aprimoramento do Python. Esse time atua em conjunto com Guido van Rossum, criador da linguagem. Além de ser o principal nome por trás do Python, van Rossum é engenheiro distinto da Microsoft. Com todo mundo debaixo do mesmo teto, é mais fácil fazer o trabalho de otimização avançar. Mas como isso vem sendo feito?
O time da Microsoft que faz o Python avançar
A própria Microsoft conta que esse trabalho começou em 2020, indiretamente. Em outubro daquele ano, Mark Shannon, principal desenvolvedor da linguagem, propôs um plano de quatro etapas para acelerar o CPython, a implementação mais comum do Python. Guido van Rossum considerou esse um trabalho grande demais para uma só pessoa. Foi então que surgiu a ideia de montar uma pequena, mas engajada equipe para apoiar a proposta de Shannon e, com efeito, fazer a linguagem avançar em termos de desempenho e recursos. Os esforços para melhorar a linguagem partem de várias frentes, com cada desenvolvedor do time lidando com tarefas específicas. Irit Katriel foi responsável pelo tratamento de grupos de exceções por meio da nova sintaxe except* no Python 3.11, só para dar um exemplo. Outro vem da engenheira brasileira L. Pereira, que emprega a sua experiência com computadores das décadas de 1970 e 1980 (muito limitados em recursos de hardware) na otimização da linguagem:
Python 3.11: até 60% mais rápido
Os resultados desses esforços aparecem no Python 3.10 e, principalmente, no Python 3.11, lançado no final de outubro. A novidade chegou com promessa de desempenho até 60% superior em relação à versão anterior. Isso é possível, entre outros fatores, graças a uma demanda menor por memória RAM. Ainda há trabalho a ser feito, porém. Tomemos como exemplo o fato de que, mesmo com a atualização mais recente, muitos projetos executados em Python ainda dependem de máquinas com hardware generoso para serem tocados. Não por acaso, os esforços agora se voltam ao Python 3.12 e versões posteriores. A Microsoft explica, como exemplo, que L. Pereira trabalha para “alterar inteiros menores para usar computação nativa em vez de algoritmos mais lentos voltados para números arbitrariamente grandes”. Mas que fique claro: a Microsoft não é “dona” da linguagem e não tem pretensão de ser. Todos os avanços implementados e vindouros estão em consonância com os esforços da comunidade em torno do Python, formada principalmente por voluntários. A companhia contribui há algum tempo com a comunidade Python, e o faz por reconhecer a importância da linguagem para o universo do desenvolvimento de software. Não é exagero falar em importância. Basta olharmos para a edição mais recente do índice Tiobe, que coloca o Python como a linguagem de programação mais popular da atualidade, à frente do C, Java, C++ e C#.