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Doenças inflamatórias intestinais (DII) têm um de seus possíveis gatilhos no consumo desenfreado do corante, incluindo Doença de Crohn, colite ulcerativa e muitas outras. Pesquisadores da McMaster University testaram a condição em modelos animais e descobriram o perigoso potencial do Allura Red AC para condições intestinais, ou seja, uma condição ambiental para o seu surgimento.

Como agem os corantes

O efeito dos corantes é direto nas funções da barreira intestinal, uma camada que protege os órgãos do sistema contra ameaças vindas de outras partes do corpo. Eles também aumentam a produção de serotonina, um neurotransmissor hormonal encontrado no intestino que acaba alterando a composição microbiótica do órgão e aumenta a propensão do consumidor à colite. Nas últimas décadas, aditivos como o Allura Red vêm sendo cada vez mais usados, com poucos estudos verificando os potenciais perigos que representam à saúde intestinal e de todo o corpo. Estudos como este recente, publicado no dia 20 de dezembro no periódico científico Nature Communications, é um dos poucos pioneiros na questão. Além de descobrir a ligação do corante com a serotonina e sua mediação nos efeitos inflamatórios do intestino, os cientistas envolvidos esperam que o achado — que consideram impactante e alarmante — sirva para começar a alertar a população sobre os efeitos causados pelos alimentos que consomem. Outros efeitos já explorados pela literatura científica incluem problemas comportamentais em crianças, como déficit de atenção e hiperatividade.

Fatores ambientais e a dieta ocidental

Atualmente, milhões de pessoas por todo o mundo sofre com inflamações intestinais crônicas: as causas para tais patologias ainda são pouco compreendidas, mas estudos apontam para a influência de respostas imunes desreguladas, fatores genéticos, desequilíbrios na microbiota intestinal e fatores ambientais. Enquanto o progresso segue no caminho de identificar o papel da genética e de fatores internos ao corpo humano, o estudo acerca de riscos ambientais tem ficado para trás. Na dieta ocidental, gatilhos para as DII incluem gordura processada, carne vermelha e processada, açúcar e pobreza em fibras. Nesses alimentos, é comum encontrar corantes e aditivos dos mais diversos, com efeitos ainda pouco explorados no corpo humano. Mais estudos, urgem os cientistas, são necessários para aprofundar nossos conhecimentos acerca desses achados e dos próximos na área. Fonte: Nature Communications