Cinco coisas sobre Marte que a missão InSight descobriu em 10 mesesVeja o nascer do Sol em Marte pelos “olhos” da sonda InSight
A mensagem escrita em primeira pessoa relata a falta de energia para continuar a missão. “Minha energia está muito baixa, então esta pode ser a última imagem que posso enviar. Mas não se preocupe comigo: meu tempo aqui foi produtivo e sereno. Se eu puder continuar falando com minha equipe de missão, eu continuarei – mas estarei encerrando aqui em breve. Obrigado por ficar comigo”, diz o recado. A InSight pousou em Marte no dia 26 de novembro de 2018. Desde então, coletou nados da atividade sísmica do planeta, como os “martemotos”, como são chamados os abalos que acontecem no Planeta Vermelho, equivalentes aos nossos terremotos. Esta foi a primeira sonda robótica projetada para estudar o interior marciano — e de qualquer outro mundo além do nosso.
Descobertas da InSight em Marte
Graças à InSight, a NASA coletou sinais de mais de 1.300 eventos sísmicos e muitas características de Marte foram descobertas. Entre as mais surpreendentes está o maior martemoto já detectado em qualquer lugar além do nosso planeta: um abalo sísmico estimado com 5 de magnitude na Escala de Richter. A sonda também nos permitiu ouvir pela primeira vez o som dos ventos marcianos, logo após seu pouso. Para isso, ela usou seu sensor de pressão de ar com seu sismógrafo e gravar o áudio dos ventos de Elysium Planitia. Também foi descoberto que a superfície de Marte está mais coberta de dust devils (redemoinhos de poeira) do que se imaginava. Foram mais de 10.000 vórtices passando pelos sensores da InSight — o que, de certa forma, também foi a causa de sua aposentadoria precoce.
O fim da InSight
Os redemoinhos de poeira marcianos não perdoam. Carregam poeira do solo e deixam camadas de areia por onde passam, inclusive em cima da InSight. O acúmulo de sujeira cobriu os painéis coletores de energia solar, tornando a recarga das baterias cada vez mais difícil. A InSight conseguiu se recuperar de uma tempestade de areia violenta em janeiro, mas a poeira continuou se acumulando gradualmente em seus painéis, ameaçando os níveis de energia necessários para mantê-la em funcionamento. Caso você esteja se perguntando se a NASA não previu isso, colocando algum sistema para evitar o acúmulo de areia, a resposta é: sim. A InSight possui um sistema que faz uma pausa de 16 minutos para a poeira assentar em torno de seu local de pouso, para só então abrir seus painéis solares para fornecer energia à espaçonave. Mas o problema era muito maior do que os engenheiros da missão imaginavam, então o destino da InSight foi selado. Em fevereiro de 2021, as células solares da InSight estavam produzindo 27% da capacidade, quando a NASA começou o primeiro de vários processos de colocar o módulo em modo de hibernação e, em seguida, fazer a limpeza da areia por meio do seu braço robótico. Contudo, não foi o suficiente. Em fevereiro de 2022, a NASA já anunciava que a sonda poderia morrer no final do ano, mas um bom clima acabou ajudando a InSight a se manter por mais um tempinho — até agora, neste finalzinho de dezembro. Pode ser que ainda vejamos algum dado novo transmitido pela InSight, mas não podemos contar com isso. Por enquanto, essa foi, de fato, a última comunicação da sonda conosco, marcando o fim da missão.