Júpiter aparece com luas Calisto e Io em foto tirada pela sonda JunoUm exoplaneta seis vezes maior que Júpiter está caindo em sua estrela

Cientistas tentam entender a atmosfera e o clima de Júpiter há décadas, o que é uma tarefa bem complicada. Mas agora, após 40 anos de estudos, uma equipe de cientistas encontrou uma peça do quebra-cabeças que pode ajudar a explicar as mudanças climáticas no planeta. Na Terra, as estações do ano existem graças ao eixo inclinado do planeta, possibilitando realizar movimentos de precessão. Já o eixo de Júpiter quase não apresenta inclinação; por isso, não existem estações do ano por lá. Mesmo assim, a temperatura em diferentes regiões podem ser drasticamente diferentes por lá. Astrônomos encontraram padrões meio esquisitos no modo como zonas distintas do planeta mudam ao longo do tempo, e se surpreenderam, visto que o gigante gasoso não desfruta das estações do ano. Os autores do novo estudo observaram a atmosfera do planeta na luz infravermelha durante três órbitas ao redor do Sol (cada uma dura 12 anos terrestres) e descobriram que, quando a temperatura sobre em latitudes específicas no hemisfério norte, as mesmas latitudes no hemisfério sul esfriam — quase como uma imagem espelhada. Glenn Orton, pesquisador sênior do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e principal autor do estudo, explica que a equipe encontrou “uma conexão entre como as temperaturas variavam em latitudes muito distantes". Ele disse que “é semelhante a um fenômeno que vemos na Terra, onde o clima e os padrões climáticos em uma região podem ter uma influência perceptível no clima em outros lugares”. Esses padrões de mudanças aparentemente desconexas se chamam teleconexão. É por meio desse fenômeno, por exemplo, que a Terra apresenta mudanças periódicas simultaneamente em partes do globo que estão desconectadas, podendo estar a milhares de quilômetros de distância umas das outras. Como exemplo, temos o fenômenos El Niño e El Niña, que acontecem em regiões diferentes, apresentando mudanças nos ventos alísios do Oceano Pacífico ocidental e correspondendo às mudanças nas chuvas da América do Norte. Seriam considerados eventos totalmente sem ligação entre si, não fossem as observações desse padrão se repetindo. Algo semelhante parece acontecer em Júpiter e os cientistas esperam que estudar esse fenômeno ajude a, um dia, prever o clima do gigante gasoso. Isso será importante para uma modelagem climática mais precisa, com simulações computacionais dos ciclos de temperatura e como eles afetam o clima de gigantes gasosos universo afora. O estudo foi publicado na Nature Astronomy. Fonte: Nature Astronomy, NASA