Sabe-se que a Cambridge Analytica comprou dados de usuários de um app de teste de personalidade no Facebook, e que a empresa tem como clientes o presidente Donald Trump e grupos ligados ao Brexit. A acusação é a de que a companhia se aproveitou das informações dos usuários para construir modelos de análise que pudessem ser usados para direcionar ações de cunho político.
No Brasil, o MPDFT investiga se ela “usa, de forma ilegal, dados pessoais de milhões de brasileiros para construção de perfis psicográficos, que podem ser usados para predizer crenças políticas e religiosas, orientação sexual, cor da pele e comportamento político”, uma vez que a própria empresa deixaria claro que seu “foco de atuação é a alteração do comportamento das pessoas por meio do uso de dados”. A Cambridge Analytica opera no Brasil desde 2017, com escritório em São Paulo. O ex-sócio da empresa no país, André Torretta, disse à BBC Brasil que não havia um banco de dados de brasileiros, e que ele mesmo seria encarregado de coletar as informações dos eleitores. A ideia era fazer entrevistas e utilizar dados do IBGE, por exemplo. Torretta afirma que nunca desconfiou de irregularidades da Cambridge Analytica no exterior. Quando o escândalo veio a público, ele rescindiu o acordo unilateralmente. O MPDFT decidiu abrir o inquérito devido “a gravidade dos fatos, o risco de prejuízos relevantes aos consumidores e a quantidade de possíveis titulares dos dados pessoais afetados”. Caso a investigação comprove vazamento de dados de brasileiros, o MPDFT “pode sugerir pronta comunicação aos titulares, ampla divulgação do fato em meios de comunicação e medidas para reverter ou mitigar os efeitos do incidente”. Leia mais: 6 dicas para evitar compartilhar seus dados pessoais com o Facebook