O que são alimentos ultraprocessados e como eles agem no corpo e cérebroAlimentos ultraprocessados geram mais impacto ambiental

Ao R7 Saúde, a nutricionista e doutoranda da USP comenta que a praticidade tem sido a principal moeda de venda para tais bebidas. Apelando principalmente a um público mais jovem, essa comunicação apresenta os shakes proteicos como fontes rápidas e fáceis de proteína. A pesquisadora reitera, no entanto, que essas bebidas não são uma alternativa adequada para a população em geral.

O que são os ultraprocessados?

De acordo com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), alimentos ultraprocessados são todos os que recebem adição de corantes, aromatizantes, espessantes e demais aditivos cosméticos, cujo objetivo é conferir propriedades sensoriais semelhantes às dos alimentos naturais nos quais são baseados. Elas podem ser sabor, cor, textura ou aroma. Como qualquer aditivo cosmético já caracteriza um alimento como ultraprocessado, ele pode ter 1 ou 50 deles. Em bebidas lácteas com proteína, o soro do leite é o ingrediente natural que fornece a substância proteica propagandeada — há, no entanto, diversos aditivos junto a ela, como aromatizantes, espessantes e amido modificado. Este último dá textura mais densa à bebida, e é geralmente o que a caracteriza como ultraprocessada. Outro elemento utilizado na propaganda dos shakes proteicos é o “zero açúcar”. Embora realmente não sejam acrescidas da substância, algumas bebidas têm edulcorante sucralose na composição, um tipo de açúcar artificial fabricado com base na cana-de-açúcar que não contém calorias. Não é por isso, no entanto, que o produto seja necessariamente saudável, ou mais saudável do que a versão com açúcar comum.

Perigos ao corpo

O edulcorante sucralose ainda é um aditivo químico, um adoçante que dá uma característica cosmética ao produto (dulçor, nesse caso), também o tornando ultraprocessado. O Guia Alimentar para a População Brasileira indica evitar o consumo de ultraprocessados, principalmente por parte das crianças. Hábitos alimentares da infância costumam perdurar por toda a vida, então evitar esse consumo desde cedo pode promover uma alimentação saudável vitalícia e ainda evitar doenças. Esses produtos têm um perfil nutricional menor do que alimentos naturais, então uma criança que se alimente apenas deles, apesar de não ter malefícios diretos pelo consumo, pode desenvolver uma deficiência de macronutrientes e micronutrientes, fundamentais para crescimento, do desenvolvimento cognitivo e da saúde. Em adultos, há algumas evidências de que o excesso de ultraprocessados possa causar hipertensão, depressão, colesterol alto, diabetes, câncer de mama e outros, distúrbios gastrointestinais e doença de Crohn. Outro problema é que as bebidas lácteas podem desregular o controle de saciedade: nosso corpo tem mais dificuldade para entender saciedade quando o alimento consumido é bebido e não mastigado, confundindo o organismo nas refeições. Ademais, há alternativas para o consumo de shakes proteicos, já que é de fato importante consumir proteínas no dia a dia.

Alternativas para o consumo de proteína

Uma opção é simplesmente beber leite, que substitui tais bebidas e pode até ter mais proteína do que elas. Um iogurte também pode suprir essa necessidade, e com menos aditivos alimentares na composição. Outra alternativa são as plantas alimentícias não convencionais (pancs), fontes naturais de proteínas disponível na natureza e com menos produtos agrícolas. Por fim, há as proteínas de origem animal que consumimos normalmente, como ovo, queijo, frango, e atum, por exemplo. Um sanduíche com ricota, ou com patê de frango, ou um ovo mexido podem constituir um lanche melhor aproveitável do que um shake proteico. Para descobrir se uma bebida é ultraprocessada, há uma dica boa: caso um ingrediente do rótulo seja desconhecido e nem sequer utilizado na cozinha de casa, é provável que seja um aditivo químico cosmético. Fonte: R7 Saúde