Terremoto “escondido” no Atlântico Sul gerou um tsunami global em 2021Evidências do maior terremoto da história são encontradas no norte do Chile

O evento que abalou a cidade de Cianjur no país asiático teve seu epicentro a uma profundidade de 10 quilômetros abaixo da superfície terrestre. Essa distância influencia tanto quanto a própria magnitude do terremoto. Apesar de atingirem uma área maior, terremotos mais fortes a mais de 50 quilômetros de profundidade costumam causar menos danos. Isso se deve ao enfraquecimento das ondas sísmicas ao longo de seu trajeto à superfície. A mesma ilha da Indonésia passou por um terremoto de magnitude 6,5 em 2017. Sua profundidade de 90 quilômetros, porém, fez com que houvesse quatro mortes e 4.800 casas danificadas.

A intensidade dos terremotos

A liberação de energia de um terremoto é medida através de escalas de magnitude logarítmicas, ou seja, uma diferença de um 1 grau entre terremotos representa uma energia várias vezes maior. No caso dos dois terremotos citados na Indonésia, o de 2017 teve 21 vezes mais energia liberada que o de 2022. A escala mais conhecida foi criada pelo sismólogo Charles Francis Richter em 1935 e leva seu sobrenome. Porém, hoje, a Escala Richter já não é a mais utilizada, principalmente por perder a precisão para terremotos de mais de 8 graus. Ela deu lugar à Escala de Magnitude de Momento, estabelecida em 1979. Apesar disso, popularmente ainda se fala “graus na Escala Richter” para se referir à magnitude dos terremotos. Existem também as chamadas escalas de intensidade, que se baseiam na percepção das pessoas e na avaliação do dano causado pelo terremoto. É o caso da Escala de Mercalli Modificada, baseada na proposta pelo vulcanólogo italiano Giuseppe Mercalli em 1902. O terremoto do último mês se enquadra na classificação de intensidade “severa” nesta escala. Em 2006, o terremoto de Yogyakarta chegou ao nível “extremo” desta escala.

O perigo dos terremotos mais rasos

Os terremotos de baixa profundidade têm sido mais raros que os mais profundos. Embora isso possa parecer bom, o fato é que eles podem acontecer a qualquer momento e as pessoas estão menos prevenidas em relação a esse tipo de evento. Ao longo do século XX, apenas um terremoto raso atingiu a ilha, matando quase 800 pessoas em 1924. Já no ano de 2006, o terremoto de Yogyakarta com magnitude de 6,4 e profundidade de 10 quilômetros deixou 5.749 mortos. Registros da época colonial da ilha, porém, mostram que este tipo de terremoto já foi mais frequente: desde 1865, pelo menos nove aconteceram. A questão é que eles podem voltar a ocorrer e as pessoas e construções não estão preparadas para isso. A resposta típica das autoridades em áreas de risco de terremoto é aplicar códigos de construção mais exigentes quanto à resiliência das casas e prédios. O problema para a Indonésia se prevenir em relação aos terremotos rasos é que o buraco é muito mais embaixo: o país já tem um código atualizado, mas o alto nível de pobreza impede que a maioria das pessoas possa atendê-lo. Fonte: The Conversation