Este exoplaneta maior que Júpiter orbita estrela “irmã” do SolJames Webb captura “retrato” da composição atmosférica de exoplaneta gasoso

A descoberta do exoplaneta Kepler-1658b foi anunciada em 2019. Ele orbita uma estrela do tipo F (classe de estrelas entre 1 e 1,4 massa solar). Sua massa é pouco menos de 6 vezes a de Júpiter e ele leva apenas 3,8 dias para completar uma órbita ao redor de sua estrela. A Kepler-1658 é uma estrela evoluída, que já deu os passos iniciais para se tornar uma gigante vermelha — o estágio final de estrelas pequenas como esta, o que também inclui o nosso Sol. Já o exoplaneta, pertencente à classe dos júpiteres quentes (um gigante gasoso muito próximo de sua estrela), está a apenas 0,0544 Unidades Astronômicas de sua estrela “mãe” (sendo que 1 UA é a distância média entre a Terra e o Sol), mas essa distância fica cada vez menor. Os cientistas já haviam detectado evidências de outros mundos diminuindo seus períodos orbitais, caindo em suas estrelas, mas essa é a primeira vez que verificam isso acontecendo em uma estrela evoluída. Contudo, a estrela não engolirá o planeta de uma hora para outra: na verdade, seu período orbital está diminuindo a uma taxa de apenas 131 milésimos de segundo por ano. Ou seja: este mundo ainda tem muito tempo de “vida” pela frente. Para detectar esse declínio tão pequeno, foram necessários anos de observação, com diversos telescópios poderosos. O primeiro deles foi o Kepler, o observatório espacial que descobriu este sistema estelar. Em seguida, o Telescópio Hale do Observatório Palomar no sul da Califórnia e, então, o Telescópio espacial TESS concluíram o estudo. A causa da órbita em espiral são as interações gravitacionais entre o planeta e a estrela. As consequências dessas interações, conhecidas como marés, são semelhantes aos efeitos da Lua nos mares da Terra. No caso de Kepler-1658b, os movimentos de marés rouba sua energia orbital, levando a uma órbita cada vez mais interna. Este estudo será muito útil para a compreensão de o que acontece com planetas de sistemas estelares cujas estrelas estão em suas fases finais de evolução, quando se expandem e se tornam gigantes vermelhas. Os astrônomos calculam que o mesmo acontecerá com o Sol e os três planetas mais internos — Mercúrio, Vênus e Terra — daqui a 4,5 bilhões de anos. Mas, para confirmar ou modificar teorias de como isso funciona, é preciso estudas mundos como o Kepler-1658. O artigo que descreve as descobertas tem como principal autor o cientista de exoplanetas Shreyas Vissapragada, do Harvard and Smithsonian Center for Astrophysics, e foi publicado no Astrophysical Journal Letters. Fonte: Astrophysical Journal Letters, Centro de Astrofísica | Harvard e Smithsonian